Saturday, December 08, 2007

Trilhas do Castelo e da Calcedónia (Gerês)

Em Dezembro do ano passado postei um texto sobre a trilha da Calcedónia. Nesta altura fui com Fabi conhecer a trilha mas acabamos por não terminá-la por que já estava escurecendo e não chegamos ao “cabeço da calcedónia”. Duas semanas atrás voltei lá com o pessoal do clube nacional de montanhismo. Era um grupo misturado com pessoas experientes e alguns novatos como eu, mas tudo gente bacana.

No sábado fizemos a trilha do Castelo, que começa bem pertinho da pousada Calcedónia (em Covide), do simpaticíssimo senhor Amaro, que desta vez não me reconheceu. A trilha não tem dificuldades, são 16Km, mas de subida suave. Ela começa imediatamente em subida, em direcção ao Pico Piodneiro, não se chega a passar por ele mas serve como ponto de referência. Desde o início já se tem uma paisagem espectacular, com o chão avermelhado do Outono e o acinzentado da cadeia rochosa como pano de fundo. Mas a melhor vista da trilha é a cidade de Sta Maria dos Montes, que fica ali perdida no meio das montanhas… e cuja igreja feita de pedras, destacada no seu centro, dá um aspecto ainda mais característico ao local. A volta foi ainda mais tranquila, excepto pelo frio. A previsão era de 4 graus nos pontos mais altos, não sei se chegou a tanto, mas ao fim do dia, com o sol se escondendo atrás das montanhas e um vento frio constante, o grupo já não estava tão falante como no início. Ainda assim a paisagem das montanhas com a luz do fim do dia (alaranjada) valia a pena.

Agora frio mesmo, eu senti quando chegamos ao acampamento. Foi quando paramos para resolver as coisas e armar as barracas. Com o corpo frio e as meias húmidas, só lembrava do meu quarto quentinho. E isso foi por que dormimos num camping, por que se fosse no meio da montanha ia ser pior. Foi bom por que aprendi que numa próxima vez terei que pensar muito bem no meu equipamento, ou invisto em roupa leve e quente ou me preparo para carregar uma mochila bastante pesada. Não é fácil para um brasuca criado na praia acostumar com este frio.

No domingo, acordamos cedo para levantar barraca. Foi neste dia que subimos até o cabeço da Calcedónia. Esta trilha é mais curta (7Km), mas a paisagem é bem mais bonita e a trilha é mais difícil, mais íngreme com alguns obstáculos na subida pelas pedras. Bem, isso só torna a trilha mais interessante. A melhor parte foi atravessar a fenda da Calcedónia, onde foi preciso usar um bocado mais que a força das pernas. Almoçamos com vista panorâmica para o Gerês, no ponto mais alto do cabeço da Calcedónia. Na volta muito bate bota nos blocos de granito e ainda passamos por um bonito bosque de carvalhos. No fim, com o corpo quente, ainda me refresquei numa pequena piscina natural chamada "poço azul". Em refrescar entenda-se por cabeça, pescoço e braços, afinal estamos em Dezembro…

Este cão da região nos acompanhou o tempo todo, nos dois dias. Só não conseguiu passar pela fenda conosco, mas para nossa surpresa deu a volta no monte e nos encontrou do outro lado. Mesmo com uma pata defeituosa ele correu, mostrou o caminho, caçou coelhos, devorou uma perna de cabrito que encontrou pelo caminho e espantou umas vacas que bloquearam a trilha. Mas de bobo não tem nada, a foto mostra qual era a verdadeira intenção dele...