Thursday, June 29, 2006

A vida não pára

"Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para"

Lenine

Sunday, June 25, 2006

Os novos baianos

Ontem foi dia de casório. É o segundo casal de amigos luso-brasileiros que casa em dois meses. No mês passado foi o casamento de Leila e Rui (ela soteropolitana e ele portuense), só que na Bahia. Neste eu não estive presente, mas aguardo a festa em terras lusas.
Mas vale a pena contar aqui como é um casamento português. Casamento em Portugal é um acontecimento de proporções épicas :))). São meses de preparação e expectativa para uma imensa festa de arromba. È uma extravagância de comidas, bebidas e músicas, num evento que começa no fim da manhã e segue madrugada à dentro, às vezes até o dia seguinte.

Fabi, Rui, Susana, João, Leila e eu

Depois da cerimônia religiosa na igreja, o festim se realiza invariavelmente em uma quinta (uma mistura da granja com casa de festas). À chegada dos convidados, são servidas as entradas, ainda nos jardins da quinta. Depois as pessoas se distribuem pelas mesas nos lugares previamente escolhidos em função das afinidades. Eu e Fabi, claro, ficamos juntos da turma do barulho, nossos amigos do Porto que são o equivalente à turma do fundão nas salas de aula do colégio. Então começam os trabalhos: entradas, primeiro prato, segundo prato, sobremesa, mesa de doces (calma que não acabou, aqui recomeça o circuito), mesa de queijos, bolo de noiva, jantar, sopa, bombons e digestivos... UFA!!! No meio de tudo isso bebida à borla (à vontade), variando conforme a ocasião, vinhos para as refeições, champanhe para o bolo, vinho do porto como digestivo ou com os queijos, e cerveja, whisky e licores para todas as ocasiões. Toda esta fartura acompanhada por música que também acompanha a sequência da festa, passando de músicas mais calmas, fado e claro música brasuca, por que ninguém é de ferro :))).

Este foi o quarto casamento que fui em Portugal, mas desta vez teve um significado especial. Afinal conheço Susana (portuense) e João, carioca de araque, baiano da gema :))), desde o início do namoro deles. De tudo o que aconteceu na festa, o que me deixou mais contente foi simplesmente poder ver a alegria dos dois. Fica aqui meu desejo de muitas felicidades aos “baianos e respectivos novos baianos” :))).

Xana, Rui, Leila, Fabi, eu, Mari-louca, Rui, Lígia, Daniel (olhem a cara da figura) e Sônia

Rui, Leila, Mari-louca, eu, Daniel e Michel.


Fim de festa!!!

Sunday, June 18, 2006

Prá frente Brasil!!!

"Somos milhões em ação
Pra frente Brasil, no meu coração
Todos juntos, vamos pra frente Brasil, Salve a seleção!!!
De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
Todos juntos vamos, pra frente Brasil!Salve a seleção!
Todos juntos vamos, pra frente Brasil!Salve a seleção!"

O trem do terror (tirem-me deste filme!!!!)

Gosto de escrever no meu blog linha por linha, mas quando vi no blog de Fabi o post sobre a nossa viagem de trem de Budapeste para Praga, percebi que já estava tudo lá, e que não ia fazer melhor. Está interessante, engraçado e descreve as coisas exatamente como aconteceram:

“A noite fomos apanhar um trem para Praga, era a noite toda, pois são 7 horas de viagem, resolvemos pegar uma cabine com camas, compramos uma onde teriam 6 camas. Para nossa surpresa e desespero quando entramos no trem que vimos a cabine, deu vontade de chorar! Era uma cabine de 1 metro por 2 mais ou menos, e as camas tipo puleiro, 3 de um lado, 3 do outro e um corredor minúsculo!! Já estavam lá duas meninas. Nessa hora chega o funcionário responsável pelo vagão... Detalhe: o homem tinha ar de maluco, olhos arregalados, uma simpatia desconfiável... Veio logo nos dizer que tinha uma outra cabine vaga, onde poderia nos colocar lá... (Hum, muito bom pra ser verdade), levou-nos a outra cabine. Perguntamos se tinha que pagar algo extra e ele veio logo dizendo que a gente "dava a ele" o que quisesse, detalhe, nos deixou na cabine e ficou com nossos bilhetes! Ficamos apreensivos com medo que ele só devolvesse depois que a gente pagasse o tal "suborno"... enfim, um caos, resolvemos falar com ele que queríamos os bilhetes e íamos voltar ao tal puleiro!
Quando a gente tava conversando com ele, apareceram duas portuguesas e explicaram que era "normal" ele ficar com os bilhetes, pois assim ele não incomodaria durante a noite para "picar" e conferir os bilhetes... Hum, ok, a coisa não era tão mal.Ficamos conversando na cabine das portuguesas, novamente vem o maluco nos servir cerveja, água, pãozinho... (claro, vender na verdade), mas ele disse q tinha preço especial. Esse carinha não me cheira mesmo bem... Fomos finalmente para nossa cabine.No meio da noite acordamos com batidas na porta e berro dos policiais na fronteira, pra carimbar o passaporte, estávamos saindo da Hungria. Que susto, abrimos a porta, o homem tinha uns dois metros, falava lá um Húngaro que eu só entendi no final: passaport!!!!! Afe!! Me senti naqueles trens indo pro holocausto. O homem pegou nossos passaportes, carimbou com tal força, depois tinha outro do lado q também carimbou, e o tal carinha "caricata" por trás deles sorrindo! (acham normal?). "Meu Deus,tirem-me deste filme!". Mais um soninho, e lá vem de novo a polícia. Fogo hoje não durmo! Entramos na República Checa... Mais palavras sem entender, dei o passaporte, mais carimbo! Eu hein!!! Pronto, agora podemos dormir, não há mais fronteiras... Acordei umas duas vezes com o barulho do trem, parecia que ía sair do trilho!! Perto de chegar em Praga, acordo mais uma vez com o maluco falando com Léo, dizendo que tivemos sorte porque o vagão tinha sido roubado, sorte nossa que trancamos a cabine... enfim! Detalhe: ele é quem tomava conta o vagão... Hum mais história desse homem.... Nesse momento ele nos devolveu os bilhetes... meu deus, eu só queria chegar em Praga!
Chegamos, ufa... Pra ele demos um bye, bye... apenas!”

Friday, June 09, 2006

Estádio de Aveiro


Em clima de copa, semana passada fui com o pessoal do trabalho ver um jogo do europeu sub-21 no estádio de Aveiro, de borla (de graça). O estádio é novinho, foi construído para o Euro 2004, muito confortável e é tão colorido que parece um LEGO gigante :))).
O jogo era a semi-final entre dois colossos do futebol mundial, Ucrânia x Sérvia Montenegro (que pelada!!!). Depois de 120 minutos de tortura (0x0 ), o que valeu a pena foram as brincadeiras com o pessoal e a zona qua torcida da Ucrânia fez (só existem mais brasileiros que ucranianos em Aveiro). Bom no final eles venceram nos pênaltis e passaram à final.

:(((( Ai que saudades de ver o MENGÃO jogando no Maraca lotado…

Sunday, June 04, 2006

Posto 4 da Costa Nova


Ano passado eu e Fabi descobrimos o bar de praia quase perfeito em Portugal. Chama-se posto 4 e fica na praia da Costa Nova, no litoral de Aveiro. Já fazem algumas semanas que vamos regularmente à praia, mas domingo foi a primeira vez no ano que fomos lá. Aqui em Portugal estes bares só abrem quando chega o calor.

Domingo a temperatura estava acima de 30º C, e o mais importante, quase sem vento. Aproveitei o bom clima e fiz os 9 kilômetros até lá de bike para encontrar com Fabi, que foi de carro. Que espetáculo, uma redezinha, cerveja gelada e Bob Marley para dar o clima. Só sossego.... Depois, um banho na água super gelada para refrescar. Como Fabi diz, só não é perfeito por que não tem caldinho nem carangueijo :))) (aqui petiscos de praia são tremoços e amendoim)...

Estas casas coloridas que aparecem na foto são o charme da Costa Nova.


Saturday, June 03, 2006

O Museu do terror de Budapeste




Algumas imagens quando marcam, ficam gravadas na nossa memória tão claramente como no momento em que a vimos. Alguns meses depois da minha viagem, consigo lembrar de cada detalhe do museu do terror.

Na segunda guerra mundial, a Hungria aliou-se à Alemanha. Eles haviam perdido uma boa parte do território depois da primeira grande guerra e queriam recuperar o terreno perdido. Como consequência da aliança, durante quase toda a segunda guerra, o país pouco foi afectado, e seus cidadãos (incluindo os judeus) pouco sentiram do terror que estava acontecendo pela Europa. Contudo, nos últimos meses de guerra tudo mudou. Os aliados (Inglaterra, União Soviética e EUA) estavam recuperando terreno e a Alemanha estava acuada.

Neste ponto o partido nazista húngaro (arrow cross) tomou o poder, com o intuito de deixar o país preparado para a recuperação da Alemanha e reaparecimento de Hitler. Começa aí o terror na Hungria. Em alguns meses 40% da população foi dizimada, a cidade destroçada e os judeus enviados para os campos de concentração. A população sofreu neste período tudo o que os outros países sofreram durante toda a guerra. Como se fosse pouco, após o fim da guerra o mundo foi dividido e a Hungria passou para o domínio soviético. Inicialmente a URSS permitiu eleições e o partido socialista (moderado) venceu com mais de 70% dos votos. Poucos meses depois o partido comunista tomou o poder e escolheu como endereço o mesmo prédio, na rua Andrássy, recomeçava assim o terror na Hungria…

O museu está instalado neste mesmo prédio, com o intuito de mostrar tudo o que se passou por lá. Tudo começa com filmes, sons e imagens do domínio nazista. Os vídeos mostram cenas impressionantes da guerra nas ruas, os campos de concentração, os prisioneiros sendo jogados ao rio quase congelado. A sala seguinte mostra a mudança do poder dos nazistas para os comunistas. Logo na entrada tem um documento da época que diz algo do tipo “eu, fulaninho de tal, confesso que até o dia tal, era nazista e cometi diversos crimes contra a humanidade. Contudo a partir de hoje, dia tal, ingresso no partido comunista para me reabilitar deste passado. Prometo que lutarei pela igualdade, justiça ….”. Depois aparece um cabide que fica girando e mostra de um lado a farda comunista e do outro a nazista. Depois desta sala começa a amostra do período comunista, e tome mais filmes de terror.

No fim da amostra comunista, você entra num elevador, para descer para o subsolo. O subsolo era aonde ficavam os prisioneiros de guerra, geralmente políticos, artistas e pessoas influentes que eram contra o comunismo. Sim, por que os pé rapados iam directo para campos de trabalho forçado. O elevador já dá todo o clima, ele começa a descer bem devagar com as luzes apagadas, quase parando, então começa a passar um vídeo com o depoimento de um senhor (que trabalhava no local) que conta como era a vida dos prisioneiros e as torturas que sofriam. São momentos angustiantes, parece que o elevador nunca vai chegar. Quando ele finalmente pára, você entra nos calabouços e tem uma ideia do terror que se passou por ali. São salas com instrumentos de tortura, outras onde não se consegue ficar em pé (tipo caixas), uma onde não se consegue sentar (como caixões na vertical), salas onde se é obrigado a pisar e dormir na água todo o tempo… Em várias delas estão as fotos dos prisioneiros que morreram lá, são desde poetas a ministros… E é com a visão perturbadora das fotos de todos os desaparecidos da época (numa sala toda vermelha, como se pintada com sangue) que o museu termina.

Algumas pessoas mais sensíveis podem achar mau gosto um museu que mostra tanta desgraça, como se a ideia fosse lucrar com isso. Mas se um dia for ao museu vai ver que ele é um tributo a todas as vítimas deste triste passado. E muito mais que isso, este tipo de museu tem o conceito de que às vezes é importante um choque destes para saber o quão terrível o ser humano pode ser, por que só assim podemos evitar de reviver os erros do passado.