Tuesday, May 23, 2006

Jogamos como nunca, perdemos como sempre

No clima dos jogos de primavera :))), a empresa que eu trabalho fez um campeonato de futebol. O rendimento do meu departamento foi pífio, mas pelo menos deu para rir um bocado. Ah, e vamos ganhar o prêmio "equipa fair play", não levamos nenhum cartão. É o que se chama aqui "bom perder".

Campeonato da Vulcano (versão tuga)

Quando cheguei de férias o campeonato já havia arrancado. Havíamos perdido a primeira partida por 7 X 0. Então, marcamos um amigável, para aprimorar o entrosamento da equipa. Apesar do reforço do internacional brasileiro (eu)... nada feito, perdemos por 6 X 0. Mas não havíamos de desistir, pá! No jogo seguinte suamos a camisola e vencemos por 3 x 2, mesmo sofrendo um golo de canto directo.

Eis que estava por vir o jogo decisivo. Se vencêssemos ou empatássemos teríamos grandes possibilidades de nos classificar como segundos colocados da chave. Já estávamos a perder por 3 X 1, mas sempre a dominar o jogo, quando surgiu minha chance. Nosso médio avançado recebeu a bola de um livre, veio a correr em direcção à grande área, fingiu que ia rematar e trocou pra mim. Eu estava bem posicionado, recebi a bola entre o trinco e o defesa esquerda, avancei em direção à balisa e rematei na saída do guarda-redes. A bola entrou encostada ao poste esquerdo. Que ganda golo!!! Olhei para o ábitro auxiliar para ver se não estava fora de jogo. Não estava. Então, foi só correr para comerar com a claque!

Mas não havia mais tempo, logo em seguida o ábitro determinou o fim do tempo regulamentar. Tínhamos a vaca no milho (the cow in the corn!), estávamos eliminados! O resumo do jogo foi: “Jogamos como nunca, perdemos como sempre”. Na última partida, a jogar por feijões, perdemos novamente por 3 X 2.


Campeonato da Vulcano (versão brasuca)

Quando cheguei das férias o campeonato já havia começado. Tínhamos perdido a primeira partida por 7 X 0. Então, marcamos um amistoso, para entrosar o time. Apesar do reforço do gringo (eu), nada feito... perdemos por 6 X 0. Mas não havíamos de desistir, caramba! No jogo seguinte suamos a camisa e vencemos por 3 x 2, mesmo sofrendo um gol olímpico.

Eis que estava por vir o jogo decisivo, se vencêssemos ou empatássemos teríamos grandes possibilidades de nos classificar como segundos colocados do grupo. Já estávamos perdendo por 3 X 1, mas sempre pressionando, quando surgiu minha chance. Nosso meia recebeu a bola de uma falta, veio correndo em direção à grande área, fingiu que ia chutar e passou a bola pra mim. Eu estava bem colocado, recebi a bola entre o volante e o lateral esquerdo, corri em direção ao gol e chutei na saída do goleiro. A bola entrou rente à trave esquerda. Que golaço!!! Olhei para o bandeirinha para ver se não estava impedido. Não estava. Então, fui pra galera!

Mas não havia mais tempo, logo em seguida o juíz terminou o jogo. A vaca foi pro brejo, estávamos eliminados! O resumo do jogo foi: “Jogamos como nunca, perdemos como sempre”. Na última partida, sem valer nada, perdemos novamente por 3 X 2.

Mas tudo bem, pelo menos nos divertimos e isso que importa (discurso típico de quem perdeu :))).

Sunday, May 21, 2006

Buda & Peste


Depois de uma viagem de três horas de trem, iniciamos a parte mais imponente da viagem, chegamos a Budapeste. Não precisa andar muito para sentir que estás mesmo na capital de um antigo império. Em Budapeste os prédios são grandes, imponentes, majestosos... A foto acima é do parlamento húngaro, que é lindíssimo, e do que já vi só perde em beleza para o parlamento inglês.
Dá para se notar que Budapeste ainda está se recuperando de tantas guerras e anos como comunista. A cidade é pura história, mas não dá para esconder a sujeira e má conservação de alguns lugares, o que, contudo, não é suficiente para tirar o charme da cidade. Uma coisa que impressionou foi a quantidade de casas de strip tease e prostituição. Isso só mostra que o Florint (moeda húngara) ainda é muito fraco em relação ao Euro, e que o país ainda está buscando seu lugar na comunidade européia.

Antigamente Buda e Peste eram cidades diferentes, separadas pelo rio Danúbio, hoje são uma coisa só. O lado de Peste é o mais movimentado, as ruas são largas e compridas e é lá que está o parlamento húngaro, o teatro nacional e os principais museus,... Logo no primeiro dia fizemos uma caminhada pela rua Andrássy, a mais bonita e tradicional de Peste. É uma rua cheia de história, pois foi lá que os governantes e diplomatas sempre moraram, desde a época do império austro-húngaro. Ela começa no centrão da cidade e termina no principal parque de Peste, o Városliget. Na rua Andrássy fomos directo para o museu do terror (que merece um post especial) e depois de uma caminhada tirando fotos das casas e prédios, chegamos no pátio dos heróis e entramos no museu Szépmüvészeti (artes plásticas) para passar o fim da tarde vendo alguns quadros e aprendendo algo da história do reinado de Sigismund.


O segundo dia foi espetacular, fizemos todo o turismo de bike. Foi um dos melhores dias de toda a viagem. Demos muita sorte por que os donos do hostel que ficamos, Garbor e Arpord, foram super simpáticos conosco e nos deram altas dicas para nosso passeio. Aliás aqui diminuíram-se as caras emburradas. Nas ruas, as pessoas foram até muito simpáticas e nos perguntavam se precisávamos de ajuda quando nos viam perdidos no meio da rua.

A cidade tem toda a estrutura para andar de bike, é bem sinalizada e tem faixa especial nas ruas. Aproveitamos para conhecer os lugares mais distantes da cidade. Começamos pela beira-rio de Peste e fomos para a ilha Margit que fica entre Buda e Peste. A ilha é na verdade o parque da cidade, onde as famílias vão curtir as horas livres. Incrível como eles sabem aproveitar estes lugares aqui na Europa. O parque é todo verde, cheio de carrinhos e bicicletas para as crianças, laguinhos, lugares para lanches, enfim um lugar super agradável. É o lugar ideal para sentir o estilo das pessoas. Paramos com a bike várias vezes para tirar fotos, ver as crianças e os pais brincando, comemos uns lanches típicos (Lángos)... É o tipo de lugar que eu gosto de estar e curtir.



Depois fomos para o lado de Buda, no bairro do castelo, que é como se fosse a cidade histórica. As ruas são menores e super agradáveis, com tudo muito limpo. Os prédios históricos são espetaculares e mesmo os menores são bonitos, deste lado está a catedral de S. Mathias, o bastião dos pescadores e o enorme palácio real. Além disso a vista para Peste, com o parlamento e a ponte Chain, é de tirar o fôlego.



Depois desta maratona de bike, resolvemos jantar algo típico da Hungria. Pedi umas dicas para o Garbor do Hostal. Ele me indicou um restaurante típico e escreveu o menu que deveríamos pedir :))). Depois do sufoco de Bratislava a barreira linguística não melhorou nada. Pelo contrário, piorou. O Húngaro é tão esquisito que nem os povos vizinhos entendem, esta língua tem algo em comum com o Finlandês e só, para o resto do mundo é um código...

Foi muito engraçado, o Garbor explicou o que eram os pratos mas eu não conseguia imaginar como eram, sabia que um era frango e o outro porco :))). Quando chegamos no restaurante a atendente quase não falava inglês. Me limitei a entregar o papel e rezar :)))). Mas no fim deu tudo certo e aproveitamos uma refeição muito saborosa, graças ao “Anjo Garbor”, como Fabi gosta de falar. Faço questão de colocar no blog o papel que ele nos deu.
No último dia, passeamos pelos lugares que faltavam e almoçamos no mercado da cidade. É muito legal, parece com a casa da cultura (em Recife), com muitas roupas, lembranças, comidas, trecos e bagulhos, tudo misturado. Para entrar no clima, comemos uma sopa Goulash, super tradicional, com outras comidas que não me atrevo a descrever :))). De resto foi descansar um bocado e agradecer aos nossos anfitriões e encher de elogios a linda cidade deles.




Bastião dos pescadores


Bairro do castelo

Saturday, May 13, 2006

1ª parada - Bratislava

Castelo de Bratislava


Começar uma viagem por Bratislava exige um pouco de espírito de aventura. Logo à saída do aeroporto o visual da viagem de ônibus, e o ônibus em si, já mostram que você está numa outra Europa. A cidade tem um aspecto cinzento, com casas velhas, carros caindo aos pedaços (misturados com BMWs e Mercedez), pessoas com cara fechada e muita, mas muita mesmo, propaganda nas ruas, carência de um país que foi comunista por muito tempo...

Não havíamos reservado hotel, e achar um lugar para dormir não foi fácil. Além disso, apesar de recentemente admitida na comunidade européia, a moeda na Eslováquia ainda não é o euro, e deu um bocado de trabalho para se acostumar com a moeda deles (coroa eslovaca), sem dar chance de sermos enrolados :))). Mas o mais difícil mesmo é o idioma. A sensação que dá é que você é um analfabeto. Não há qualquer semelhança com o português ou outra língua que eu ou Fabi conhecêssemos. Você se sente um estranho na paisagem, ao parar na frente de uma loja você simplesmente não consegue distinguir uma sapataria, de uma padaria ou farmácia, não existem pistas que ajudem :))). Para piorar quase ninguém fala inglês, o que eleva o passeio para o patamar da aventura.


Apesar de ser a capital da Eslováquia, Bratislava tem ares de cidade do interior, com pouco movimento nas ruas, pouca coisa para se ver e caras fechadas e desconfiadas. Mas quando se pára para pensar, até dá para entender esta desconfiança, afinal não é fácil para um povo passar por tudo que eles passaram. Em todas as situações que falei no post anterior (de Roma à União Soviética) eles estavam no papel de dominados. E mesmo na altura da República Checo-Eslovaca eles eram o lado pobre. Aprendemos que para fazer turismo no leste da europa vale a pena ser compreensivo, levar tudo na boa e não esquecer que nós é que somos os "intrusos".

Bom, superados todos os obstáculos, fomos para o centro histórico. Aí finalmente começa o turismo. Nesta parte da cidade as construções estão muito melhor cuidadas, mais claras, praças limpinhas, alguns prédios imponentes (o teatro nacional e a old town são lindos) e muitas esplanadas (bares com cadeiras espalhadas pelas ruas) com bastante movimento. O inglês ainda é precário, mas pelo menos se nota uma boa vontade :)). O ponto alto do passeio é chegar ao castelo de Bratislava e curtir o visual. Aí vale a pena todo o sacrifício. O castelo é enorme e belíssimo, com muito verde à volta e vista para cidade e o rio Danúbio.

Teatro nacional de Bratislava


Old town e palácio Primaciálny


Castelo de Bratislava

Viagem pelo leste - O império contra-ataca...




Mais um mochilão pela Europa. Desta vez o destino foi o centro-leste. O plano era passar pelas principais cidades do antigo império austro-húngaro, Bratislava(Eslováquia), Budapeste(Hungria), Praga (Rep. Checa) e Viena (Áustria), ainda passamos algumas horas em Graz (Áustria) e Londres na volta para Portugal.
A história destes países está impressionantemente interligada, mesmo que em circunstâncias e posições diferentes, todos fizeram parte dos impérios romano, Austríaco e austro-húngaro, ainda estiveram sob o poder dos alemães na 1ª e 2ª guerra mundial e dos soviéticos durante o pós-guerra e guerra fria (excepto Áustria) e agora estão todos renovados e juntos novamente na comunidade européia. Mas o mais interessante é que mesmo com toda esta história em comum, todos eles mantiveram suas características e cada qual tem sua identidade, o que nota-se bem ao passar por cada país. A diferença começa pelos idiomas, cada país fala sua língua, todas elas completamente indecifráveis para nós. Para se ter uma idéia o hino do império austro-húngaro era cantado em 13 línguas diferentes... Bom, para saber o resto tem que ler as histórias da viagem ...

Saturday, May 06, 2006

Holanda o país das bikes e canais


Foi a segunda vez que fui pra Holanda, mas foi uma visita completamente diferente. Da primeira vez fui com Fabi e passamos três dias turistando por Amsterdã, desta vez fui a trabalho pra uma cidade bem menor no interior, Tilburg, trabalhar em conjunto com um fornecedor da Vulcano.
Foi muito interessante a experiência profissional, até porque pude conviver um pouco com outro estilo de vida e de trabalho. As coisas na Holanda têm um ritmo diferente.
O que chama logo a atenção é a organização do país. A rede de trens é impressionante. Quando você chega ao aeroporto tem um placar de linhas para todas principais cidades, são tantas conexões que parece que você está olhando para as linhas de um metrô :))). Na viagem de trem de Amsterdã até Tilburg me chamou logo a atenção a simetria das coisas, o relevo é completamente plano, as casas, prédios e igrejas seguem sempre o mesmo estilo e tudo isto está entrecortado por rios e canais. Mas o que mais impressiona é que os canais não estão simplesmente espalhados, pelo contrário, são tão simétricos que parece que alguém dividiu o país com esquadro e régua.
As diferenças culturais também são fáceis de se notar. Os holandeses são tranqüilos, acordam cedo pra trabalhar, não almoçam (apenas fazem um lanche rápido pra não perder tempo), mas em compensação, se estiver tudo feito, vão mais cedo pra casa (de preferência de bicicleta) ou saem para fazer um happy hour. Sim, por que eles também adoram cerveja...
Mas o que eu mais gosto na Holanda são as bikes... Lá, em todas cidades que estive, a preferência no trânsito é das bikes e não dos carros. O chão das ruas e todos semáforos tem indicação para as bicicletas. Nos grandes centros existem estacionamentos para bicicletas simplesmente gigantescos, com vários andares e comprimento à perder de vista. No dia mais puxado de reunião, que terminou às onze e meia da noite, um dos holandeses pediu desculpas, pois tinha que sair mais cedo já que iria voltar pra casa de bike. Detalhe, ele mora em Eindhoven, à 40 kilômetros de Tilburg :) . Ainda perguntei se ele ia sempre de bike e ele respondeu com a maior simplicidade do mundo "Não, sempre não. Mas tento vir pelo menos três vezes por semana". :)))
No fim das reuniões ainda tive um tempinho para dar uma volta por Amsterdã, antes pegar o vôo de regresso. Como era pouco tempo e eu já conhecia os principais pontos turísticos, andei um bocado sem rumo, tentando pegar uns ângulos diferentes nas ruas e canais da cidade. Engraçado que mais uma vez fiquei com vontade de voltar...




Check ins e check outs


Finalmente de volta aos posts do meu blog. Mas a ausência não foi à toa. Nestas últimas semanas fiz uma seqüência de viagens onde rodei por 6 países e tive que lidar com 5 moedas e 6 idiomas diferentes. O que no total foi uma experiência espetacular que não sei se vou repetir um dia.
A correria começou no dia 10 de Abril, quando cheguei em Amsterdã. Apenas quatro dias antes fiquei sabendo que ia ter que viajar à trabalho para Holanda, bem no meio das últimas preparações para as minhas férias.
Um dia depois do meu retorno começou minha peregrinação pelo leste da Europa, passando pelas principais cidades do antigo império austro-húngaro. Bem, toda esta saga eu vou contar aos poucos aqui no blog.
Pra já ficam de lembrança umas fotos do fim de semana passado, quando chegamos com um tremendo sol, com direito a praia e "jantarada".

Na seqüência: Eu, Fabi,Gílson (escondido), André, Richard, Caroline, Marlos, Bárbara e Vitinho.