Saturday, June 03, 2006

O Museu do terror de Budapeste




Algumas imagens quando marcam, ficam gravadas na nossa memória tão claramente como no momento em que a vimos. Alguns meses depois da minha viagem, consigo lembrar de cada detalhe do museu do terror.

Na segunda guerra mundial, a Hungria aliou-se à Alemanha. Eles haviam perdido uma boa parte do território depois da primeira grande guerra e queriam recuperar o terreno perdido. Como consequência da aliança, durante quase toda a segunda guerra, o país pouco foi afectado, e seus cidadãos (incluindo os judeus) pouco sentiram do terror que estava acontecendo pela Europa. Contudo, nos últimos meses de guerra tudo mudou. Os aliados (Inglaterra, União Soviética e EUA) estavam recuperando terreno e a Alemanha estava acuada.

Neste ponto o partido nazista húngaro (arrow cross) tomou o poder, com o intuito de deixar o país preparado para a recuperação da Alemanha e reaparecimento de Hitler. Começa aí o terror na Hungria. Em alguns meses 40% da população foi dizimada, a cidade destroçada e os judeus enviados para os campos de concentração. A população sofreu neste período tudo o que os outros países sofreram durante toda a guerra. Como se fosse pouco, após o fim da guerra o mundo foi dividido e a Hungria passou para o domínio soviético. Inicialmente a URSS permitiu eleições e o partido socialista (moderado) venceu com mais de 70% dos votos. Poucos meses depois o partido comunista tomou o poder e escolheu como endereço o mesmo prédio, na rua Andrássy, recomeçava assim o terror na Hungria…

O museu está instalado neste mesmo prédio, com o intuito de mostrar tudo o que se passou por lá. Tudo começa com filmes, sons e imagens do domínio nazista. Os vídeos mostram cenas impressionantes da guerra nas ruas, os campos de concentração, os prisioneiros sendo jogados ao rio quase congelado. A sala seguinte mostra a mudança do poder dos nazistas para os comunistas. Logo na entrada tem um documento da época que diz algo do tipo “eu, fulaninho de tal, confesso que até o dia tal, era nazista e cometi diversos crimes contra a humanidade. Contudo a partir de hoje, dia tal, ingresso no partido comunista para me reabilitar deste passado. Prometo que lutarei pela igualdade, justiça ….”. Depois aparece um cabide que fica girando e mostra de um lado a farda comunista e do outro a nazista. Depois desta sala começa a amostra do período comunista, e tome mais filmes de terror.

No fim da amostra comunista, você entra num elevador, para descer para o subsolo. O subsolo era aonde ficavam os prisioneiros de guerra, geralmente políticos, artistas e pessoas influentes que eram contra o comunismo. Sim, por que os pé rapados iam directo para campos de trabalho forçado. O elevador já dá todo o clima, ele começa a descer bem devagar com as luzes apagadas, quase parando, então começa a passar um vídeo com o depoimento de um senhor (que trabalhava no local) que conta como era a vida dos prisioneiros e as torturas que sofriam. São momentos angustiantes, parece que o elevador nunca vai chegar. Quando ele finalmente pára, você entra nos calabouços e tem uma ideia do terror que se passou por ali. São salas com instrumentos de tortura, outras onde não se consegue ficar em pé (tipo caixas), uma onde não se consegue sentar (como caixões na vertical), salas onde se é obrigado a pisar e dormir na água todo o tempo… Em várias delas estão as fotos dos prisioneiros que morreram lá, são desde poetas a ministros… E é com a visão perturbadora das fotos de todos os desaparecidos da época (numa sala toda vermelha, como se pintada com sangue) que o museu termina.

Algumas pessoas mais sensíveis podem achar mau gosto um museu que mostra tanta desgraça, como se a ideia fosse lucrar com isso. Mas se um dia for ao museu vai ver que ele é um tributo a todas as vítimas deste triste passado. E muito mais que isso, este tipo de museu tem o conceito de que às vezes é importante um choque destes para saber o quão terrível o ser humano pode ser, por que só assim podemos evitar de reviver os erros do passado.


3 comments:

Anonymous said...

É de quem nada sabe de historia do seu proprio país que pode afirmar que o museu do terror em budapeste é Cabral às avessas.


cumprimentos
lina cruz

Anonymous said...

É de quem nada sabe de historia do seu proprio país que pode afirmar que o museu do terror em budapeste é Cabral às avessas.


cumprimentos
lina cruz

Anonymous said...

Oi! Tudo bem? Eu sou uma estudande e gostaria de saber se poderia Copiar as suas concepções em relação ao museu e mostrá-las ao meu professor de história, vou colocar a autoria(o seu nome) e a URL do site.

Obrigada pela atenção! (: