Sunday, December 03, 2006

Maria Antonieta e Versailles


As últimas três vezes que combinei de fazer uma trilha, tive que desistir por causa do mau tempo. Desta vez, quando uma amiga deu a dica de que ia com um grupo a uma trilha perto de Guimarães, eu me comprometi comigo mesmo: Só não vou se cair um dilúvio. Dito e feito, na semana passada Portugal esteve debaixo d’água. Cidades alagadas, estradas cortadas, rios transbordados (inclusive o douro transbordou na Ribeira), cidades isoladas. Com todas as linhas fechadas, a estação de comboios (trens) era um cenário caótico, com crianças chorando, pessoas pedindo dinheiro para continuar a viagem de autocarro (ônibus), gente discutindo (juro que um cara do guiché estava quase chorando). Enfim, nada de trilha. O resultado foi um fim de semana muito mais tranqüilo que o planejado, com dvd, foundee na casa de Marlos e Bárbara e cinema…

No Domingo fui com Fabi ver o filme Maria Antonieta. O filme não tem diálogos espetaculares, nem conta à perfeição a história da França ou da rainha, nada disso. Muito pelo contrário, é um filme que se desenrola devagar, com cenas compridas onde praticamente só se fala o essencial, e é exatamente aí que está o seu melhor. A diretora é a mesma de Lost in Translation, Sofia Copola, e aqui ela também se concentra nas pesssoas, no seu comportamento, nas suas reações, com ângulo e tomadas sempre diferentes do que estamos acostumados a ver. Em algumas cenas o silêncio nos faz sentir ao lado dos personagens quase como seus cúmplices, já em outras são as músicas que passam o estado de espírito deles. Aliás, a trilha musical é excelente, o contraste entre as músicas actuais (New Order e the Cure, por exemplo) e a história de época se encaixa muito bem no ritmo do filme.

Mas o que me conquistou foi ela transformar o palácio de Versailles num dos personagens principais. É engraçado, quando estive em Versailles fiquei boquiaberto, só pensava que aquele lugar não podia existir de verdade, com aquela frase “parece coisa de filme” :)). Mas neste caso o real é muito mais bonito que a ficção. Quando estive em Versailles era um dia ensolarado, os jardins estavam todos floridos, com muitas cores, tudo organizado e impecável. No filme as tomadas do castelo são sempre escuras, pálidas, provavelmente com o intuito de dar o tom de um filme de época. Na verdade, o que me fascinou foi ver o palácio com vida e no seu auge, com todo o luxo original, os reis e nobres, a imponência, as festas, as orgias, os banquetes, as decisões de estado, enfim ela transportou para os meus olhos tudo o que tinha ficado na minha imaginação.

Resumindo, a história não é espetacular, nem genial, muito menos surpreendente, afinal à partida todo mundo já sabe qual o final. Mas é simplesmente uma história bem contada, envolvente, bem filmada. E só de poder ver uma boa história com um toque diferente já vale a pena. Aliás, isso deveria acontecer com mais freqüência quando se vai ao cinema.


2 comments:

Anonymous said...

Eu delirei com a trilha sonora do filme...
E aquele lugar ao vivo é mesmo mágico.
bjssss gato;)

Anonymous said...

oiii!
agora fiquei curiosa pra assistir o filme...

quando é que vc vai escrever assim (bem muitão!) lá no "desinventando", hum? hum? estamos esperando!!
:)

bjos